Nesta entrevista, ela nos apresenta sua visão sobre o impacto da Cannabis na prática clínica e os benefícios que o tratamento pode oferecer para diferentes condições de saúde.

Confira!

1. Quando e como você começou a se interessar pela Medicina Endocanabinoide?

R: Meu interesse na área iniciou pela sua complexidade, por ser um conhecimento transversal. Afinal, é uma ferramenta que pode ser aplicada em praticamente qualquer área da medicina. 

Em relação a minha experiência, gerou um grande impacto para a minha prática clínica e tem corroborado ainda mais com a minha paixão pelo cuidado e pelo bem-estar humano, especialmente no que diz respeito ao tratamento de dor. 

Desde cedo, tive uma profunda preocupação em compreender como aliviar o sofrimento das pessoas e ajudá-las a recuperar sua qualidade de vida. 

Cada história de mudança de vida alcançada com esse tratamento reforçaram minha determinação em me dedicar nesse campo tão impactante e transformador.

2. Tem algum caso clínico envolvendo a erva que marcou a sua trajetória? Pode falar um pouco sobre ele?

Tenho feedbacks maravilhosos de muitos pacientes que fizeram o tratamento para as mais variadas queixas, inclusive em formato de textos e vídeos no meu Instagram. 

Como eu tenho focado muito na área da dor, vou contar sobre uma das minhas primeiras pacientes.

Ela tem mais de 80 anos, sofria de dor intensa no ombro direito e isso era motivo de muito desconforto e já chegou a chorar por conta disso. Ela fez vários tratamentos com medicações alopáticos e procedimentos invasivos, que só traziam alívio momentâneo. 

Na ultrassonografia do ombro foi constatado um rompimento de 4cms no tendão do músculo supraespinhal e por isso doía tanto.

Para esse caso o tratamento ideal seria cirurgia, porém devido sua idade os médicos que a acompanhavam não concordaram em realizar a cirurgia. Ela fez uma consulta comigo e eu fiz sua prescrição de um óleo 1:1.

Hoje ela convive muito bem com sua lesão no ombro, está em uso contínuo do óleo, sem necessidade de fazer uso das medicações alopáticas e nem demais procedimentos invasivos. 

Não apresentou nenhuma reação adversa ao tratamento e segue sem queixas. Ou seja, retomou sua vida normalmente, sendo uma pessoa ativa como sempre foi.

3. Para quais condições/doenças você indica o tratamento com a erva?

Como eu falei, é um estudo transversal na medicina, ele pode ser usado em praticamente qualquer área clínica. 

Isso acontece por causa do mecanismo de ação, já que eles agem regulando o nosso sistema endocanabinoide, que é o maestro que rege todos os outros sistemas e funções do nosso organismo. 

Em relação ao que temos de evidências científicas, podemos citar as dores, principalmente a dor neuropática, tratamento de emese em paciente em tratamento oncológico em quimio e radioterapia, caquexia, tratamento da epilepsia, da espasticidade, para pacientes de pós acidente vascular cerebral, esclerose múltipla e doença de Parkinson, por exemplo. 

Em relação à saúde mental, é comprovado o grande efeito ansiolítico do canabidiol e inclusive do THC quando usado em doses baixas a moderadas e da insônia. 

A partir daí, temos a possibilidade de tratamento para transtorno do espectro autista, Alzheimer, transtorno do déficit de atenção, hiperatividade, e diversas outras possibilidades como o tratamento para doenças gastrintestinais e dermatológicas, por exemplo.  

4. Afinal, o tratamento com a planta é seguro?

Sim, o CBD e os demais fitocanabinoides servem para modular o nosso sistema endocanabinoide, algo que nós já possuímos no organismo.

Então, em alguns países eles são tratados como suplementos. 

É importante destacar que apesar de se tratar de algo natural, é necessário que se tenha acompanhamento médico para ajuste de doses e acompanhamento de função hepática do paciente.

5. O que você espera da área de medicina endocanabinoide para os próximos anos?

Acredito fortemente que essa área vai crescer ainda mais e com toda certeza haverão desenvolvimento de novos fármacos e produtos, além de muitas mudanças relacionadas à legislação e regulamentação para os pacientes.

Acredito que também haverá mais educação e conscientização a respeito do assunto para todo o público, o que trará uma quebra nos preconceitos que muitos ainda possuem acerca do assunto.